Teu buquê



Sou eu quem sofre de amor, mas é você quem ganha o buquê. A dor de amar machuca, mas o desamor corrói a alma. Correu meu ser; destruiu meu coração.
Enraizei-me. Prometi não amar, mas não foi possível te deixar para trás. Das raízes nasceram flores, as quais cresceram tanto, tanto, que arranharam toda minha garganta, me forçando a cuspir pétalas.
Floresci sem teu amor, mas continue a te amar.
Em poucos dias cuspi flores inteiras, com caules que me causavam ânsia. "É hanahaki", eles disseram. E eu, que esperança tinha? "Você precisa esquecer daquele que ama, arranque essas raízes de ti". Não dei tanta atenção como deveria.
Morrer de amor, mas não por teu amor. De qualquer forma, seria uma morte por amor. Uma morte digna? Não sei. Fato é que te amei. Amei tanto que meu coração se transformou em um jardim, o qual belas flores lamentavam por não serem apreciadas.
Todavia, te deixo esse buquê para que se lembre de que morri por você.


_ [hanahaki é uma doença literária, onde o sujeito vomita as flores preferidas de seu amado. o sintoma dessa doença surge após um amor não correspondido. a única cura para doença é uma cirurgia onde toda lembrança do amado é retirada do coração. caso o paciente opte por permanecer com as lembranças, ele sofre com as flores que crescem dentro de si que, sem espaço para florescerem, rasgam a garganta e saem pelos lábios.
vomita-se uma pétala no primeiro estágio.
já no segundo, a flor sai por inteiro, com caule e, se for da espécie, espinhos.
o último estágio é o buquê; onde morre-se de amor.] _

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