4am



Você me liga às quatro da manhã e, antes mesma que eu atenda, você desliga.
Talvez você só quisesse mexer comigo; dizer que ainda se lembra de mim. Talvez estivesse bêbado demais pra conseguir se comunicar; por isso desligou tão rápido. Ou, talvez, sua intenção era apenas deixar a notificação na tela do meu aparelho, a qual informa que você ligou sim, mas que eu não fui capaz de atender.
Chamada perdida.
Entretanto, eu acordo com o toque do violoncello em meu celular, o qual faz-me acordar em um pulo e rapidamente levar as mãos até o objeto. Mesmo com os olhos sonolentos eu consigo ver o seu nome escancarado na tela do meu telefone.
Você ligou. São 4 da manhã.
Eu me pergunto o que fiz para merecer tudo isso. São quatro da manhã e você tenta, de alguma forma, se encaixar novamente em minha vida, em minha rotina; você quer -a todo custo- fazer parte desse meu novo eu. Continuo a me questionar se você gravou o meu número na tua cabeça... se você ainda tem guardado imagens do meu antigo eu.
Aquele eu que te amou profundamente um dia.
São quatro da manhã e eu bloqueei teu número. Não seria preciso fazer isso se você tivesse sumido; se tivesse seguido.
Você não consegue seguir e insiste que há um laço entre nós. Não. Não há laço algum. Não há linha capaz de me prender a ti. Foi você mesmo que cortou -com toda fúria- o que um dia nós fomos.
Fomos.
Eu me pergunto se você continua tão quebrado como eu; ou se você já recolheu seus cacos e está aqui somente para terminar de quebrar o pouco que sobrou de mim.

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