É difícil



Hoje você me disse quão difícil era conviver comigo.
Soltou meia dúzia de desabafos e cuspiu em mim todas suas frustrações por não levar a vida que sempre sonho. Tua mão, que me afagava há poucos minutos, veio em direção a minha face e deixou uma marca tão avermelhada com o sangue que corre em minhas veias.
Depois disso você fumou um cigarro no jardim e olhou tuas plantas, como se sentisse um orgulho enorme por tê-las ao seu redor.
O contrário do que você sente por mim.
Quando você saiu eu me escondi embaixo do meu edredom, sem nem me importar se o sol estava queimando o asfalto lá fora, pois minha cabeça estava tão quente e eu me sentia presa em um inferno particular.
Eu não ligo de você dizer certas coisas para mim, eu sempre soube lidar com a verdade com uma tremenda força. Eu, porém, não gosto quando tu vens com um balde de água fria e despeja sobre minha cabeça e me culpa de todas as merdas que há ao seu redor. É como se estivesse dizendo que eu sou a maior merda da tua vida.
Bem, eu sei que eu sou, mas eu não consigo entender o porquê me rodeia com afagos, presentes e palavras doces...
É como se estivesse me jogando pelo precipício ou me afogando em um poço fundo e escuro.
Você me mata aos poucos, mas me acorrenta em sua vida e eu não consigo sair. Eu não consigo partir.
As feridas jamais irão cicatrizar se você continuar a tocar com seus sujos dedos sobre elas.
Eu jamais irei me curar se você continuar a me oferecer esse veneno que vem de seus lábios...
É covardia tua. Mas o grande covarde sou eu. Por não conseguir te abandonar.
Afinal, aonde eu iria?

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